Gêneros Textuais no Ensino de Língua
- Carolyn Miller (1984): gêneros são uma “forma de ação social”. Um “artefato cultural” importante como parte integrante da estrutura comunicativa de nossa sociedade. Objetivo hoje é distinguir as idéias de que gênero é: uma categoria cultural, um esquema cognitivo, uma forma de ação social, uma estrutura textual, uma forma de organização social, uma ação retórica.
- Charles Bazermann (2005: 19-46) trabalha a noção de fato social: “é aquilo em que as pessoas acreditam e passam a tomar como se fosse verdade, agindo de acordo com essa crença. Muitos fatos sociais são realidades constituídas tão-somente pelo discurso situado.”(p. 150)
“ Na realidade, o estudo dos gêneros textuais é hoje uma fértil área interdisciplinar, com atenção especial para a linguagem em funcionamento e para as atividades culturais e sociais. Desde que não concebamos os gêneros como modelos estanques nem como estruturas rígidas, mas como formas culturais e cognitivas de ação social (Miller, 1984) corporificadas na linguagem, somos levados a ver os gêneros como entidades dinâmicas, cujos limites e demarcação se tornam fluidos” (p. 151)
Uma observação de natureza discursiva importante é a de que “os gêneros se prestam aos mais variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício de poder” (p.161).
A diferenciação entre gênero textual, tipo texrtual e domínio discursivo é complementada pela reflexão em torno da noção ainda inacabada de ‘suporte’. Marcuschi propõe a divisão entre suportes de tipo convencional (que foram elaborados tendo em vista a sua função de portarem ou fixarem texos: livro, jornal) e incidental (suportes ocasionais ou eventuais), mas alerta que tais conceitos ainda são pouco claros ou precariamente definidos. Várias tabelas e gráficos exemplificam a distribuição de gêneros textuais escritos e orais dentro do contínuo fala/escrita e em domínios discursivos distintos.
Bastante pertinente é a reflexão que se abre, com base em Dolz e Schneuly, para o “ensino por sequências didáticas”:
- Dolz e Schneuwly desenvolvem a noção de gênero concebido como instrumento de comunicação, que se realiza empiricamente em textos.
- Schneuwly chamou os gêneros textuais de mega-instrumentos. Como se acham sempre ancorados em alguma situação concreta, particularmente os orais, os autores julgam plausível partir de situações claras para trabalhar a oralidade.
- Segundo os autores, “o gênero é um instrumento semiótico constituído de signos organizados de maneira regular; este instrumento é complexo e compreende níveis diferentes; é por isso que o chamamos por vezes mega-instrumento, para dizer que se trata de um conjunto articulado de instrumentos à moda de uma usina; mas, fundamentalmente, trata-se de um instrumento que permite realizar uma ação numa situação particular. E aprender a falar é apropriar-se de instrumentos para falar em situações discursivas diversas, isto é, apropriar-se de gêneros.”
Marcuschi afirma que os gêneros textuais são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, eles contribuem para ordenar e estabilizar as atividades do dia a dia.
Considera-se que os gêneros textuais são formas verbais orais e escritas que resultam de enunciados produzidos em sociedade e, no âmbito do ensino e aprendizagem de português; são vias de acesso ao letramento; propõe-se que no ensino, as atenções estejam voltadas para os textos que encontramos em nossa vida diária com padrões socio-comunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos, enunciativos e estilos concretamente realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. Assim, a concepçao de gênero diz respeito à forma, ao conteúdo, aos propósitos comunicativos e ao percurso social.
Os gêneros vistos como instrumentos de interação social dá forma à estrutura; transforma comportamentos em uma dada situação; representa a atividade e a materializa; e é lugar de transformação, de exploração; e de enriquecimento de possibilidades.
Resgatando a noção de que os textos apresentam características próprias que são socialmente organizados tanto na fala como na escrita é que a atenção deve voltar-se para a língua em uso, frisando-se a relevância de que o texto se manifesta por meio de gêneros.
O ensino dos gêneros nas escolas é de suma importância na formação do leitor e escritor ''ideal'', não se esquecendo é claro, da formação do docente em priorizar os gêneros como manifestações históricas e sociais do cotidiano textual de seus alunos.
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